1. Um diagnóstico nunca é agradável, mesmo quando é verdadeiro e se torna necessário. Afinal, para haver cura, tem de se conhecer a doença.
Mas não falta quem opte por ignorar a realidade e adulterar a evidência.
2. Há quem não sinta o que diz e não diga o que sente. Também há quem sinta o que não diz e diga o que não sente.
Enfim, há quem não hesite em sacrificar a consciência à conveniência. Mas como dizer que tudo está bem se muita coisa está mal?
3. Não adianta esconder. Na era da comunicação, a realidade é sobretudo o que aparece.
E, queiramos ou não, aquilo que aparece gravita em torno de um duplo fenómeno: violência e decadência.
4. Todos estamos preocupados. Mas todos nos sentimos como que bloqueados. Que fazer?
Antes de mais, perceber o que está em causa. Se repararmos, a violência consiste na violação de normas e valores. A decadência consiste na ausência de normas e valores.
5. Se os valores estão ausentes, é natural que sejam repetidamente violados. Com a agravante de nem sequer se advertir dessa violação.
A inconsciência costuma ser descontraída, o que a torna ainda mais prejudicial.
6. A violência agride. A decadência choca. A violência actua contra os outros. A decadência nem sequer pensa no que pensarão os outros.
Na violência, o outro não vale. Na decadência, o outro não conta. É por isso que a violência é imoral e a decadência é amoral.
7. Não espanta, assim, que se passe facilmente da decadência à violência e da violência à decadência. O contubérnio entre as duas é demasiado íntimo e totalmente promíscuo.
A violência é a maior manifestação de decadência. E a decadência é uma porta aberta para a violência.
8. Quando se alega que há um direito «a sermos humilhados»(!), o que se está a legitimar é um putativo direito a que alguém humilhe alguém.
Será que a humilhação consentida desagrava a humilhação cometida?
9. A sociedade tem de ser mais pró-activa, definindo o que é correcto, o que é aceitável e o que será sempre inadmissível.
De uma coisa tenhamos a certeza. Se não oferecermos o positivo, alguém insistirá em oferecer o negativo.
10. Não basta continuar a reagir tarde e lentamente. É fundamental agir cedo e rapidamente.
Já perdemos muito tempo. O naufrágio espreita. Mas estou certo de que ainda conseguiremos salvar muitas vidas!