- É tudo tão simples, afinal. Deus só quer uma coisa de nós: que sejamos felizes (cf. Mt 5, 1-12).
E só pretende que saibamos uma (outra) coisa: que só seremos felizes fazendo felizes os outros. Ou, pelo menos, não os fazendo mais infelizes.
- O alpinismo não é um exclusivo dos alpinistas. Há quem goste de subir montanhas e há quem goste subir na vida. Para muitos, o caminho é encostar-se aos grandes.
Nicolas de Chamforte percebeu que «os grandes vendem sempre o seu convívio à vaidade dos pequenos». Mas é tudo tão oco. O vácuo avulta sempre. Há quem não consiga ser grande mesmo quando se encosta aos grandes. A maior grandeza está na humildade. E quem é grande até nas profundezas mostra a grandeza que o habita. Aliás, desde há muito que me habituei. Quando quero encontrar alguém verdadeiramente grande, olho para baixo, para o fundo.
- Se repararmos bem, pensamos mais na experiência quando erramos. Oscar Wilde dizia que «a experiência é o nome que damos aos nossos erros».
O problema é que, apesar de os repetirmos, parece que não aprendemos. Os erros, muitas vezes, levam-nos a repeti-los cada vez mais.
- A ingratidão atrai a infelicidade. A infelicidade atrai a ingratidão. É um círculo vicioso, um dédalo insanável sem saída nem solução.
Victor Hugo notou: «Os infelizes são ingratos: isso faz parte da sua infelicidade». Há quem esteja sempre a reclamar dos outros de tal modo que nem tempo sobra para agradecer aos outros.
- É fácil encontrar o lado errado. Mais difícil é localizar o lado certo. Na política e na vida em geral, há quem aponte erros e exiba certezas. Quando se fala, parece que está tudo certo. Já quando se age, é quase só erros.
Olhando para a actualidade nacional, parece que estamos em presença de uma contenda entre o errado e o errado. Pouco faz sentido: nem os actos de uns, nem as palavras de outros. Haverá uma nesga de sol que rompa este persistente manto de nevoeiro?
- John Kennedy assinalou: «O fracasso não tem amigos». Eu diria que o fracasso selecciona os amigos.
Os que fogem na hora do fracasso merecerão o nome de amigos? Amigo é para sempre. Sobretudo para as horas difíceis.
- Parece-me que, hoje mais do que nunca, temos de reaprender a modéstia. Mas a modéstia mesmo, a modéstia a sério. Não uma modéstia para ser elogiada, e que deixaria de ser modéstia.
Consta que Salgado Zenha terá dito: «Sejamos modestos. A modéstia é a melhor forma de vaidade». Muito antes, a sabedoria judaica também alertava: «Demasiada modéstia é meia vaidade». O importante é ser, intrinsecamente, modesto. Ou seja, que cada um, em si, abra caminhos para além de si.
- O esforço não é tudo, mas é o que abre a porta para tudo. Emerson dizia que «nada se obtém sem esforço; tudo se pode conseguir com ele».
Por isso, nunca deixemos de nos esforçar. O resultado inebria. Mas o que conta mesmo é o esforço.
- A vida passa por nós. Nós passamos pela vida. Mas será que chegamos a viver?
Já Victor Hugo se inquietava: «A vida passou antes que pudéssemos viver». Não desaproveitemos o momento mais decisivo: este. Vivamo-lo como se fosse o único. Porque cada momento é único.
- O melhor governo não é o que nos complica a vida. Também não é o que nos resolve a vida. Não lhe cabe complicar. Também não lhe incumbirá substituir.
O governo deveria deixar-nos ser nós próprios. Goethe assim o percebeu: «O melhor governo é o que nos ensina a governar-nos a nós mesmos».