É difícil dizer seja o que for quando a comoção embarga a voz e inibe o raciocínio.
É por isso que, para que não me remeter ao retemperador aconchego do silêncio, vou deixar falar o coração. E é o coração que me inspira e segreda um único sentimento: gratidão.
Mons. Ilídio Fernandes pode ser descrito sob muitos títulos e exaltado sob imensas formas.
Todos conhecem a sua pessoa. Todos reconhecem a sua (multímoda) obra.
Ele foi o sacerdote, o confessor, o escritor, o sonhador, o construtor, o programador.
Muitos epítetos lhe caberiam: o persistente, o magnânimo, o (saudavelmente) teimoso, o (incorrigível) visionário.
Todos lhe queremos muito. Todos lhe devemos bastante. Do muito que legou, talvez não seja despropositado assinalar que ele foi, porventura, o maior «empregador» de Lamego.
Se percorrermos as diversas valências da obra social que construiu, não andarei longe da verdade se disser que, só neste momento, há centenas de pessoas a quem ele deu trabalho, dinheiro a ganhar e pão a comer.
Se multiplicarmos este número por muitos anos, quem negará que estamos em presença de um dos maiores benfeitores da cidade e da região?
Acontece que, para conseguir o que ele conseguiu, era preciso ser o que ele foi: um homem para quem nunca havia obstáculos intransponíveis. Mas, no décimo aniversário da sua morte, gostaria de recordar o amigo, o muito amigo, o mais que amigo.
Nunca me falou da morte. Para ele só havia vida, futuro, eternidade, projectos. Tenho pena de não ter podido despedir-me dele.
Mas, pensando bem, não faz sentido a despedida quando não há separação. O que há é apenas mudança.
Até sempre, Monsenhor!