Eis o Orçamento que nos vai acompanhar no próximo ano.
Eis o Orçamento que praticamente ninguém quer, mas que todos vamos ter de suportar.
Alguns aprovaram-no desagradados. Muitos outros, os cidadãos, vão ter de o cumprir, contrariados. Dizem que a situação não oferece alternativas. Mas será que alguém as procurou?
Estamos num momento bizarro da nossa vida colectiva. Temos um documento contestado até por aqueles que o aprovaram.
Iremos sair da crise com um Orçamento que tem tudo para nos afundar (ainda mais) na crise?
Fala-se da necessidade de refundar o Estado. Mas o que se vê é mais reafundar do que refundar. Como vamos desatar este nó em que nos amarraram e que ameaça degolar a nossa alma?
O que uns fazem não é suportável. O que outros dizem não parece exequível.
As nuvens tingem de cinzento as tardes já, de si, sombrias.
E lá vem o estribilho: «Temos de aprender a viver com menos». Mas isso já o andámos a fazer deste há muito.
Para alguns, menos que pouco é nada. E com nada nem sobreviver se consegue!