Neste dia 31 de Outubro, faz 497 anos que Lutero afixou as 95 teses na Catedral de Wittemberg, cuja discussão viria a desencadear a Reforma.
Cresci (e as imagens da infância nunca se apagam) a ouvir falar de Lutero como sendo quase a encarnação do mal.
Recordo um livro de catequese que o figurava à beira de umas chamas incandescentes.
E eram reportadas estórias em que ele aparecia a dizer à esposa: «Vês o Céu? Mas não é para nós»!
A verdade está sempre condicionada pelo tempo. Vim, mais tarde, a descobrir que Lutero foi um apaixonado por Jesus e que, pesem alguns excessos, quis uma profunda reforma na Igreja.
Ao contrário do que se diz, Lutero teve sempre uma grande veneração por Maria.
Viveu uma vida atormentada no Convento de Erfurt, pensando que Deus o ia condenar.
Foi, por isso, com alívio que, em 1513, encontrou «a justificação pela fé»(Rom 3,28).
A salvação é, antes de mais, um dom. Não somos nós que a merecemos.
Lutero tinha um temperamento sanguíneo, impetuoso. Mas foi um homem de Deus.
Depois de tantos desencontros, não terá chegado o momento do reencontro definitivo com a herança de Lutero?
Afinal, continuamos todos irmãos. Apesar de (ainda) separados.