Apesar da sua continuidade territorial, a Península Ibérica nunca formou uma unidade nacional.
Essa foi a ambição de Castela. Mas a sua pretensão hegemónica deparou sempre com resistências.
Na frente ocidental, ergueu-se há séculos um «obstáculo» chamado Portugal.
Desde o século XVII, a «questão portuguesa» ficou fechada. Mas há «feridas» que continuam abertas.
As Vascongadas nunca se conformaram e, agora, é a Catalunha que se levanta.
Não sei como é que tudo isto vai terminar. Mas não é fácil antever momentos difíceis, de apurada complexidade.
No tempo da globalização, pode parecer estranha esta pulsão nacionalista.
Mas a experiência mostra que a consciência global coexiste com o fervor nacional. Daí até a expressão «glocal» para caracterizar a cultura do nosso tempo.
Nenhum país nasceu de forma totalmente pacífica. Espero que o bom senso prevaleça. E desejo que quem está perto no espaço não se torne distante no afecto.
Se somos vizinhos, porque é que não havemos de ser irmãos?