E eis que a maior parte das conversas se cifra na mesma conclusão: «Não foi por mal».
É estranho. Porque é que as pessoas, tão violentas no agir, parecem tão tolerantes no falar?
Talvez por autodefesa. Afinal, por acção ou por omissão, por fas ou por nefas, muitos são os que andam envolvidos na maldade.
O problema é que se pressupõe uma boa intenção como inspiradora de uma má acção. Ou, pelo menos, a boa intenção não conseguiu deter a má acção.
Uma vez mais, estranha-se. A má acção terá sido inspirada por uma boa intenção. O que mais suspeito, porém, é outra coisa. Quando se arruma uma discussão com «não foi por mal», o que me palpita é que, no fundo, não estamos dispostos a fazer nada contra o mal.
«Não foi por mal?» Mas o mal vai alastrando. Imaginem se não fosse por mal...