Não sei o que é que andamos a fazer a algumas palavras.
Pronunciamo-las mal e parece que não as entendemos muito bem.
Sendo «caridade» uma palavra tão bela, impressiona que seja tão mal entendida.
Há quem lhe comine a desigualdade.
Há quem alegue que, para haver caridade, tem de haver quem tenha muito e quem tenha pouco. Só com base nesta desigualdade poderá haver repartição.
Tão pouco caridosa é esta noção de caridade.
Caridade vem do grego «káris» e do latim «caritas». Ambos os vocábulos veiculam a ideia de graça, de gratuidade.
A caridade vai muito além de partilhar o ter. A caridade está enraizada no ser.
A caridade começa pela dádiva do que se é. Como tal, envolve a partilha do ter.
A caridade é dar continuamente, desmedidamente.
Como seria melhor o mundo, se houvesse mais caridade!