À Quarta-Feira da Semana Santa chamava-se, em tempos, «Quarta-Feira de Trevas».
Nesse dia, assim como na Quinta e na Sexta-Feira, celebravam-se os Ofícios chamados de Trevas (os «Tenebrae»), uma tradição medieval para lembrar os fiéis que a escuridão vai descer sobre a Terra com a morte de Jesus.
São salmos cantados no género de cantos gregorianos, de preferência «As lamentações do profeta Jeremias sobre Jerusalém», efectuados à noite na igreja, onde um candelabro triangular com 15 velas acesas, lembrando os 150 salmos da Bíblia, também chamado «Galo de Trevas» é colocado.
Por cada um deles que se canta, apaga-se uma vela do candelabro e do altar, fazendo também soar as matracas (instrumentos de madeira que produzem um som lúgubre), para lembrar que Jesus caminha para a morte.
Quando a última vela é apagada, a igreja fica às escuras e o som seco das matracas anuncia o efémero triunfo das Trevas sobre a Luz, desmentido pelo ténue brilho de uma vela acesa por trás do altar indicando que, através da Sua Ressurreição, Cristo triunfa sobre a Morte, derrotando essas mesmas Trevas.