Eis um dos argumentos mais recorrentes, que arruma discussões depositando-as no armazém do «politicamente correcto».
É um dos lugares-comuns que mais tributo presta ao pensamento fútil.
Dizer que «os tempos são outros» constitui uma afirmação redundante em relação ao passado, estéril em relação ao presente e perigosa em relação ao futuro.
De facto, não adianta dizer que «os tempos são outros». É uma evidência. Cada dia é outro relativamente ao anterior. O mesmo se passa com os meses, com os anos, com os séculos, com as épocas.
Acontece que, no fundo, esta afirmação torna-se estéril em relação ao presente. Afinal, dizer que «os tempos são outros» leva a que não se questione nem se pretenda mudar o presente. Dizemos que «os tempos são outros» e não pensamos, limitamo-nos a deixar andar.
E é assim que comprometemos o futuro. Somos meros espectadores da história? Estaremo-nos a demitir de participar na (re)construção da história?