- A fé não existe para anestesiar, mas para despertar. Ela não é ornamento na vida, mas força para a transformação da vida.
Vazia seria uma fé soporífera ou levemente sedosa. O seu horizonte não pode ser, pois, a mera satisfação, mas a nossa permanente conversão.
- Não temos fé para fechar os olhos à vida, mas para olhar de frente para a vida.
O discurso crente não é aquele que passa por cima dos problemas, mas aquele que «aterra» totalmente nos problemas.
- Nenhum ideal de fé é compatível com uma fé que não seja real.
É bom não esquecer que a fé acontece sempre na realidade, não fora da realidade.
- Se a vida é difícil, como é que poderíamos esperar que a fé fosse fácil?
Não falta, porém, quem faça constante publicidade a uma «fé fácil».
- É o que sucede quando se apresenta a fé longe do sofrimento e distante do mistério.
No fundo, é uma fé que não encara a vida como ela se mostra nem acolhe Deus como Ele é.
- Uma fé com respostas imediatas não espelharia a vida enquanto vida. E ousaria até impedir que Deus fosse Deus.
A fé inclui, obviamente, a confiança em que tudo pode ser melhor. Mas não exclui a predisposição para aceitar as adversidades.
- Jesus ensina-nos que a Cruz não se procura, mas também não se recusa. Aos que Lhe solicitavam poder, Ele respondeu com o cálice (cf. Mt 20, 22-23).
Ou seja, quem seguir os Seus ensinamentos tem de se dispor a seguir a totalidade dos Seus passos. E aqui é preciso contar com a perseguição, a condenação e até a morte.
- São muitos os eventos que, hoje em dia, integram actos religiosos. É bom, mas não basta.
Um «Cristianismo de eventos» é claramente insuficiente. Reduz-se a momentos que se esgotam quando terminam. Não parece haver «antes» nem «depois».
- Muitas vezes, são promovidas celebrações desconectadas de qualquer preparação e desligadas de qualquer vivência.
Como há-de fermentar o compromisso?
- Urge perceber que o Evangelho não é um adorno para certas ocasiões, mas um projecto para a vida.
Os eventos ganham alma quando pré-existe — coexiste e pós-existe — uma vivência. Afinal, não será a vivência quotidiana da fé o mais belo evento de fé?