O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Domingo, 25 de Janeiro de 2015

A. Jesus é a feliz notícia que Deus nos traz

  1. Neste Domingo, acompanhamos, pela mão de S. Marcos, as primeiras actividades públicas de Jesus. Tais actividades constituem como que o pórtico e uma síntese de toda a Sua missão. Encontrámo-Lo hoje, como O encontramos sempre, a anunciar, a propor e a convidar. Foi isto o que Jesus fez e o que, em Seu nome, nos mandou fazer: anunciar, propor e convidar. Deparamos, aqui, com o conteúdo estruturante da evangelização: anúncio, proposta e convite. Facilmente se vê a sequência que existe: o anúncio contém uma proposta e preconiza um convite. Jesus anuncia que o Reino de Deus está próximo, propõe — de forma imperativa — uma mudança de vida e convida pessoas para O seguir.

Todos não somos demais na tarefa evangelizadora. Jesus delimitou o espaço e o tempo para a evangelização. Ele quer que estejamos em toda a parte, que trabalhemos todo o tempo e que tentemos chegar a toda a gente (cf. Mt 28, 16-20). Por conseguinte, a evangelização nunca está terminada nem pode, alguma vez, ser dada como concluída. Será sempre mais aquilo que falta fazer do que aquilo que já está feito. Nenhum tempo pode ser perdido, nenhum contributo pode ser desperdiçado.

 

  1. Comecemos, então, por acompanhar Jesus. Ele parte para a Galileia a fim de «anunciar o Evangelho de Deus»(Mc 1, 14). Hoje como ontem, anunciar implica sair, partir e propor. O que Jesus tem para anunciar é uma notícia, uma notícia boa, uma notícia feliz. Como se sabe, Evangelho significa «boa nova», «boa notícia», «feliz notícia». Portanto, Jesus surge-nos, desde o princípio, como o portador da feliz notícia de Deus. Enfim, Jesus é o «jornalista» de Deus: o «jornalista» e a «notícia» de Deus.

Que falta sentimos nós, hoje, de boas notícias, de felizes notícias! Nestes tempos nocturnos, predominam notícias soturnas. Nestes dias cinzentos, continuam a prevalecer notícias pesadas. Importa, por isso, ter presente que a Igreja é depositária de boas notícias, das boas notícias de Deus, trazidas por Jesus.

 

B. O Evangelho chega aonde chegarem os evangelizadores

 

3. A Igreja de Jesus não pode limitar-se a ser reactiva, denunciando unicamente o que está mal. Ela tem de ser sobretudo pró-activa, anunciando o que pode estar bem, o que pode melhorar. Acontece que Jesus não é só o portador da boa notícia; Ele mesmo é a boa notícia, a feliz notícia. Com efeito, que melhor notícia do que saber que Deus está connosco? Jesus é o Deus-connosco, o Deus para nós, o Deus em nós.

É esta a notícia que nos foi confiada, a boa notícia que nunca nos cansaremos de anunciar. Trata-se de uma notícia que não é tanto para escarrapachar nos jornais ou nas televisões, mas para gravar no coração de cada pessoa. Não esqueçamos que o Evangelho está escrito em forma de livro para ser permanentemente inscrito em forma de vida. É da vida que brota o Evangelho. É na vida que há-de fermentar sempre o Evangelho.

 

  1. O Evangelho anuncia-se como Jesus o anunciou: pessoa a pessoa, coração a coração, vida a vida. Hoje, o Evangelho está nas nossas mãos, nos nossos pés, nos nossos lábios, no nosso coração, enfim, em toda a nossa vida. Hoje, nós somos os motores do Evangelho e as asas do Evangelho: o Evangelho chegará aonde chegarem os evangelizadores, os portadores das felizes notícias de Deus.

A chegada do evangelizador tem de ser a chegada do Evangelho. Para isso, o evangelizador também tem de ser evangelizado. Só pode ajudar a converter a Cristo quem se deixa converter por Cristo. A evangelização existe para assegurar a todo o ser humano que Deus o ama. O mundo tem o direito de saber que Deus é o maior investidor na felicidade do homem. Ele apostou o melhor que tinha — o próprio Filho (cf. Jo 3, 16) — na felicidade de todos os homens. Evangelizar é, pois, felicitar, semear felicidade.

 

C. A grande resposta ao anúncio chama-se conversão

 

5. A primeira notícia que Jesus traz de Deus é que «o tempo chegou ao seu termo e o Reino de Deus está próximo»(Mc 1, 15). Jesus é, Ele próprio, o tempo último, a plenitude dos tempos (cf. Gál 4, 4). É o tempo novo que vem depois do tempo antigo. É o tempo definitivo que sucede ao tempo breve. É o tempo permanente que sobrevém ao tempo passageiro. Não é, pois, o tempo esgotado até porque, em Si mesmo, Ele é inesgotável. Jesus é a última e plena notícia de Deus para o homem. Enfim e como notou Karl Rahner, em Jesus encontramos «a resposta total para a pergunta total».

Em Jesus, Deus transforma o tempo convertendo-o em «kairós», ou seja, num tempo cheio de esperança, num tempo em que não nos resignamos ao que vemos, ouvimos e lemos. Em Jesus, temos todos os motivos para acreditar que, afinal, melhor é possível. Se até a morte foi vencida, como não hão-de ser vencidos os problemas que nos vão surgindo na vida?

 

  1. Saber que o Reino de Deus está próximo é uma notícia que tem de ter consequências. A maior de todas elas é mudança de vida. Daí a proposta de Jesus em forma de imperativo: «Convertei-vos e acreditai no Evangelho»(Mc 1,15). Trata-se de um imperativo inadiável, selado em tons de urgência. A conversão e a adesão ao Evangelho não podem esperar; têm de ser para já, para agora. Tanto mais que, como se depreende da anotação de S. Paulo, «o tempo é breve»(1Cor 7, 29).

Este apelo de Jesus pressupõe que nem tudo está bem na nossa vida. Este apelo de Jesus pressupõe que há muito a mudar na nossa vida. Se tudo estivesse bem, para quê mudar, para quê convertermo-nos? Habitualmente e quase por instinto, propendemos a achar que a mudança é para os outros ou, então, para as estruturas. É por isso que todas as revoluções têm falhado. As revoluções falham porque se limitam a preconizar mudanças nas estruturas. É necessário, mas é claramente insuficiente.

 

D. O Deus das «novas oportunidades»

 

7. Uma mudança só é profunda quando vem do fundo: do fundo da alma, do fundo da vida. Foi essa a voz interior que se fez ouvir em Roger Schutz quando, perante a devastação da segunda guerra mundial, se interrogava sobre o que era preciso mudar para que aquele horror não se repetisse. «Começa por ti», foi o que escutou. Deus não deixa ninguém de fora deste apelo à conversão. Podemos mesmo dizer que Ele é o Deus das «novas oportunidades», o Deus de «todas as oportunidades». As primeiras leituras falam-nos de duas cidades onde a corrupção moral era grande. Mesmo assim, Deus não desiste, Deus insiste.

A história do envio de Jonas a pregar a conversão aos habitantes de Nínive atesta que Deus ama todos os homens e a todos chama à salvação. Por sua vez, os cristãos de Corinto são advertidos para terem consciência da rapidez do tempo.

 

  1. As realidades e os valores deste mundo são passageiros e, por isso, não devem ser absolutizados. Podemos presumir que temos muito tempo à nossa frente e que bastará convertermo-nos lá para o fim. Mas quem tem conhecimento da duração da sua vida?

A conversão tem de ser prioritária, tem de acontecer quanto antes. Pelas palavras de S. Paulo, Deus insta cada um de nós a viver com os olhos postos no futuro, aderindo aos valores eternos, aos valores do Reino. Razão tinha Miguel Torga quando confessava que «a sua fome não era de fama, mas de eternidade». Fomos criados para Deus e só em Deus descansaremos felizes.

 

E. O lugar de Jesus é o lugar primeiro e o lugar central

 

9. Não adiemos para amanhã a conversão que tem de começar hoje. «Quem não precisa de conversão?», perguntava D. Hélder Câmara. Todos precisamos de conversão. Todos temos absoluta necessidade de nos converter ao Evangelho.

Acreditar no Evangelho é, pois, um imperativo inseparável do apelo à conversão. A mudança consiste em aderir ao Evangelho, em trilhar os caminhos do Evangelho. Foi por isso que cada um de nós rezou no Salmo Responsorial: «Ensinai-me, Senhor, os Vossos caminhos». Os caminhos do Evangelho são os caminhos de Deus, trilhados por Cristo e disponíveis para serem trilhados por nós em Cristo.

 

  1. Jesus não Se limita a anunciar e a propor. Ele dá-nos todas as condições para escutarmos o Seu anúncio e para pormos em prática a Sua proposta. Ele indica-nos o caminho a seguir. O caminho é Ele próprio: «Eu sou o Caminho»(Jo 14, 6). Deste modo, convida-nos a segui-Lo como convidou Simão e André, Tiago e João: «Vinde atrás de Mim»(Mc 1, 16).

Ser discípulo é precisamente ir atrás do Mestre, percorrendo o mesmo caminho do Mestre e pisando todos os passos do Mestre. Os primeiros discípulos deixaram o que estavam a fazer — deixaram até a própria família! — e seguiram Jesus. O que estavam a fazer era importante e possivelmente urgente, mas seguir Jesus era mais importante e seguramente mais urgente. Por isso, eles foram logo atrás de Jesus. Por isso, eles deixaram tudo por Jesus. Seguir Jesus está acima de tudo. Já S. Bento tinha esta prioridade muito vincada quando proclamou: «Nada absolutamente anteponham a Cristo». Na nossa vida, o lugar de Cristo tem de ser o lugar primeiro e o lugar central. Como dar menos que tudo a quem nos dá tudo? Não tenhamos medo de nos dar. Deus é generoso em retribuir. Ele recompensa sempre «cem vezes mais»(Mt 19, 29)!

publicado por Theosfera às 07:56

De anónimo a 26 de Março de 2015 às 23:25
Porque só agora denunciaram uma coisa tão grave como comunismo e que espera exercito brasileiro para tomar providências já que o Brasil caminha para destruição porque Não alertou logo o povo?


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