O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Domingo, 03 de Setembro de 2017
  1. Em Nazaré, «o Anjo do Senhor anunciou a Maria». E, em Fátima, foi o Anjo do Senhor que preparou a vinda de Maria. Enquanto criaturas espirituais, os anjos excedem em perfeição todas as outras criaturas. Em razão dos chamados dons preternaturais, são imortais. E, apesar de incorpóreos, fazem-se aparecer de formar corporal para melhor se fazerem entender pelas criaturas corporais.

É por isso que «anjo» designa uma função, não uma natureza. A natureza dos anjos é espiritual. A função dos anjos é serem mensageiros. Recorde-se que «anjo» vem do grego «angelos», que significa precisamente «mensageiro». Santo Agostinho oferece-nos a síntese perfeita a este respeito: «Anjo é nome de ofício, não de natureza. Desejas saber o nome da natureza? Espírito. Desejas saber o [nome] do ofício? Anjo. Pelo que é, é espírito: pelo que faz, é anjo», ou seja, mensageiro.

 

  1.  Presentes na História da Salvação, os anjos são abundantemente referidos no Antigo e no Novo Testamento. Basta pensar em Gabriel (nome que significa «fortaleza de Deus»), incumbido de anunciar o nascimento de João (cf. Lc 1, 5-25) e de Jesus (cf. Lc. 1, 26-35). O próprio Jesus é apresentado como o centro do mundo dos anjos. É o que acontece na passagem do Juízo Final: «Quando o Filho do Homem vier na Sua glória, acompanhado por todos os Seus anjos» (Mt 25, 31). Daqui se infere que os anjos são d’Ele, são de Jesus.

Estando assim presentes em Jesus, como haveriam os anjos de estar ausentes da Igreja de Jesus? O Catecismo ensina que «a Igreja beneficia da ajuda misteriosa e poderosa dos anjos». É por isso que ela se associa «aos anjos para adorar a Deus três vezes santo». É por isso que ela invoca a sua assistência para cada um dos defuntos: «Conduzam-te os anjos ao paraíso». E é por isso que ela festeja de modo particular a memória de certos anjos, como São Miguel, São Gabriel, São Rafael e os Anjos da Guarda. Nós acreditamos, com efeito, que «cada fiel tem a seu lado um anjo como protector e pastor para o guiar na vida».

 

  1. Sucede que, além do Anjo da Guarda de cada um de nós, o nosso país celebra também o Anjo de Portugal (a 10 de Junho), por causa precisamente das aparições aos pastorinhos. De facto, foi como Anjo de Portugal — e também como Anjo da Guarda e Anjo da Paz — que o enviado celeste então se apresentou. Como é que tudo começou?

Na Primavera de 1916, na Loca do Cabeço, estavam Lúcia, Francisco e Jacinta na companhia do seu rebanho. Tendo começado a chover, foram à procura de um abrigo. Aí passaram o dia, mesmo depois de a chuva haver terminado. Comeram a merenda, rezaram o Terço e deram início ao jogo das «pedrinhas». Foi quando sentiram um vento forte a sacudir as árvores. Viram, então, «a figura de um jovem dos seus 14 a 15 anos», mais branco do que a neve e de uma grande beleza.

 

  1. Ao chegar junto das crianças, disse: «Não temais! Sou o Anjo da Paz». Logo a seguir, vem um convite à oração: «Orai comigo. E, ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão e fez-nos repetir três vezes estas palavras: “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam”».

Quando se ergueu, o Anjo insistiu: «Orai assim. Os Corações de Jesus e de Maria estão atentos à voz das vossas súplicas».

 

  1. Passado bastante tempo, em pleno Verão, os pastorinhos brincavam em cima de um poço no quintal dos pais de Lúcia. De repente, visualizaram a mesma figura que os interpelou com um novo apelo à oração: «Que fazeis? Orai, orai muito. Os Corações de Jesus e de Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente, ao Altíssimo, orações e sacrifícios».

«De tudo que puderdes, oferecei a Deus sacrifício em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e súplica pela conversão dos pecadores. Atraíreis, assim, sobre a vossa Pátria, a paz». Dito isto, apresenta-se como «o Anjo da Guarda, o Anjo de Portugal».

 

  1. Passado algum tempo, por alturas de Setembro ou Outubro, estavam os pastorinhos numa propriedade dos pais de Lúcia, acima dos Valinhos. Depois da merenda, começaram a repetir a oração que o Anjo lhes ensinara: «Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos». A certa altura, viram o próprio Anjo, com um cálice na mão esquerda, sobre o qual estava suspensa uma Hóstia, donde caíam algumas gotas de Sangue.

O Anjo deixou o cálice suspenso no ar, ajoelhou-se junto dos pastorinhos e ensinou-lhes uma nova oração: «Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E, pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores».

 

  1. Depois levantou-se e pegou no Cálice e na Hóstia. Deu a sagrada Hóstia à Lúcia e o Sangue do Cálice distribuiu-o pela Jacinta e pelo Francisco: «Tomai e bebei o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus».

Prostrando-se de novo por terra, repetiu, mais três vezes, a oração que antes lhes ensinara: «Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo». De seguida, desapareceu. Entretanto, as crianças continuaram a rezar.

 

  1. Já doente, Jacinta continuava a rezar as orações do Anjo. Nessa altura já não se prostrava, mas continuava a ajoelhar-se. Foi preciso que um sacerdote lhe mandasse dizer que «não queria que descesse mais da cama para rezar; que, deitada, rezasse só o que pudesse, sem se cansar».

Noutra ocasião, Lúcia levou-lhe uma estampa que tinha o sagrado cálice com uma hóstia. Jacinta pegou nela, beijou-a e, radiante de alegria, dizia: «É Jesus escondido! Gosto tanto d’Ele! Quem me dera recebê-Lo na igreja! No Céu não se comunga? Se lá se comungar, eu comungo todos os dias. Se o Anjo viesse trazer-me outra vez a Sagrada Comunhão! Que contente que eu ficava!» Também Francisco viveu com intensidade as Aparições do Anjo.

 

  1. O Mensageiro do Céu criou, assim, o ambiente para que as crianças acolhessem devidamente Maria. Preparou — e enquadrou — a chegada de Maria através da oração e sobretudo da Eucaristia. É preciso não esquecer que, antes do Terço, a maior oração a Maria é a Eucaristia. O Terço é uma pertinente preparação — e pode funcionar como uma bela irradiação — da Eucaristia. Mas o centro do louvor a Maria está — estará sempre — na Eucaristia.

A Eucaristia mostra como Maria está «amarrada» a Jesus. Daí que a Oração Eucarística faça uma importante referência à Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus.

 

  1. A atmosfera eucarística das aparições do Anjo mostra como a Eucaristia é o ambiente natural para encontrar Maria. Não espanta, por isso, que o lugar mais importante de um Santuário seja sempre o Altar com o Sacrário.

É no Altar e no Sacrário que estão os grandes Remédios que a Senhora oferece no Santuário. É para Jesus que Maria nos conduz. Rezemos, pois, com o Anjo de Portugal para que Deus nos livre sempre de todo o mal!

 

 

publicado por Theosfera às 08:00

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