O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2015

 

  1. Que devemos fazer para que a violência acabe? Ou, melhor, que devemos não fazer para que a violência termine?

 

Pelo que se vê, o problema tem estado no que se faz. A agir e a reagir, a atacar e a defender, não temos conseguido estancar a hemorragia de violência que se abateu sobre o mundo.

 

  1. Assim sendo, o mais avisado será pensar não no que se deve fazer, mas no que se deve não fazer.

Tendo em conta que toda a vida é inviolável e que toda a pessoa é sagrada, então nenhuma vida pode ser eliminada e nenhuma pessoa poderá ser ofendida.

 

  1. O consenso é imperioso, mas a convergência parece inviável.

Os que matam invocam motivos para estar ofendidos. Os que ofendem não encontram motivos para ser mortos.

 

  1. Acresce que estas posições coexistem no mesmo tempo e disputam o mesmo espaço.

O mesmo lugar pode abrigar culturas diferentes e concepções opostas.

 

  1. Discordar é legítimo e incomodar até pode ser saudável. Mas ofender será, alguma vez, dignificante?

Há quem defenda a liberdade de ofender como uma consequência da liberdade de expressão. Podemos deslizar, porém, por um caminho sinuoso.

 

  1. Com efeito, não faltará quem alegue a violência como uma extensão dessa mesma liberdade de expressão.

Se uns se exprimem ofendendo, outros tenderão a exprimir-se vingando-se da ofensa.

 

  1. Pergunta-se se uma liberdade com limites será liberdade. Mas será que o ilimitado está ao alcance do humano?

Se a própria vida tem um limite, como é que no decurso da vida se pode arrogar algo ilimitado?

 

  1. Se a liberdade de alguém fosse ilimitada, como é que a liberdade dos outros poderia ser exercida?

A convivência entre pessoas terá de ser um esforço de coexistência entre liberdades.

 

 

  1. O que para nós é aceitável, para os outros pode ser inadmissível.

Não é lícito que qualquer opinião seja vista como uma ofensa. Mas também não é curial que a ofensa seja olhada como mera opinião.

 

  1. Procuremos ver sempre o lado dos outros. Ou será que a «cegueira individualista» nos está a contaminar, impedindo-nos de ver para lá de nós? Matar não tem justificação possível. Mas ofender também não tem defesa convincente.

Entretanto, o desprezo vai cavando muitas feridas. E o ódio vai fazendo imensas vítimas…

publicado por Theosfera às 10:21

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