- A esta hora, muitos presépios já foram desmontados.
A lição da manjedoura porventura já estará esquecida. Alguma vez terá sido aprendida?
- O Natal mostra que Deus, quando vem até nós, não corre atrás dos poderosos.
Está disponível para todos, mas não alimenta dúvidas acerca de quem está mais próximo: dos pequenos. Tudo o que for feito a eles é feito a Ele (cf. Mt 25, 40).
- A Igreja de Cristo só pode estar onde Cristo esteve, onde Cristo está: aberta a todos, mas ao lado dos pobres.
Há uma nova ordem que se inaugura. Na base não está o poder, está o amor. Não está o mando, está o serviço.
- Na missão, não convencemos apenas pelas palavras.
Aliás, ninguém será convencido pelas palavras se os gestos não estiverem em conformidade com elas.
- Como Jesus foi sempre a transparência do Pai — «quem Me vê, vê o Pai» (Jo 14, 9) —, não deveria a Igreja procurar ser sempre a transparência de Jesus?
Para tal, não basta ser o eco das Suas palavras. É fundamental procurar ser a reprodução das Suas atitudes, dos Seus gestos.
- Jesus é a Palavra feita vida e a vida feita Palavra. Palavra e vida estão plenamente sintonizadas em Jesus.
Num tempo em que se gritam tantas palavras, faz pena que a Palavra de Jesus seja remetida ao silêncio e atirada para o esquecimento. Se a memória ainda a guarda, a prática, muitas vezes, parece que não a acolhe.
- Ao desmontarmos o presépio, não atiremos para longe a manjedoura. Retenhamos a sua permanente lição.
A manjedoura é o certificado da humildade de Deus e o convite ao despojamento da Igreja.
- Deus não entra no mundo pela pompa. Deus vem pela simplicidade e pela pobreza.
Uma Igreja pobre será — sempre — a maior riqueza que teremos para oferecer.
- Estiquemos o Natal a todo o ano. Construamos um Natal para toda a vida. Não apaguemos a luz que Deus acendeu em nós.
Não eclipsemos o sorriso. Cubramos o cinzento dos nossos dias com a luz do presépio, com o encanto da manjedoura, com a paz de Belém.
- Deixemos brilhar, à nossa frente, a estrela da bondade. E deixemos, atrás de nós, um rasto de esperança.
Enfim, não arrumemos totalmente o presépio. Ele deixou de ser visível cá fora. Mas tem de continuar presente na nossa vida: aqui e agora!