- Falar sobre o homem já é difícil. Como haveria de ser fácil falar sobre Deus?
Restar-nos-á, então, o silêncio? É certo que, sobre Deus, falamos sempre melhor quando nos calamos.
- Sobre Deus, calar é falar e falar é calar.
Só que nem todo o silêncio será santo. O silêncio tanto pode significar disponibilidade para acolher como rejeição ou desinteresse.
- Curiosamente, nem Jesus, o revelador de Deus, falou muito sobre Deus.
Segundo os Evangelhos, a palavra «Deus» só por duas vezes aparece nos lábios de Jesus e, mesmo assim, para citar o Salmo 22: «Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste?»(Sal 22, 1).
- Sobre Deus, Jesus falou mais com a vida do que com os lábios.
Como observou González-Faus, Jesus revela Deus não tanto «falando sobre Ele, mas deixando-O transparecer, praticando-O, pondo-O em acto nas circunstâncias concretas da Sua vida».
- Jesus é sobretudo aquele que nos mostra Deus. É Ele quem, como assinala São João, no-Lo dá a conhecer (cf. Jo 1, 18).
Quando fala de Deus, Jesus fala do Pai, fala d’Ele como Filho e fala do Espírito Santo.
- Dir-se-ia que o Pai é o Silêncio, o Filho é a Palavra e o Espírito Santo é o Encontro.
É na escuta do Espírito que encontramos a Palavra de Jesus que nos desvenda o que, para nós, permanece em silêncio.
- A Trindade não é a soma das pessoas, é o sumo que as sustenta.
O sumo que sustenta — e alimenta — as pessoas divinas é o amor.
- Em Deus, o amor é tão forte que não cabe em si e, portanto, «explode» na criação. Tal como cada obra tem as marcas do seu autor, o mundo criado por Deus contém sobejas marcas do Criador.
- A esta luz, o mundo está cheio de «vestígios da Trindade», a começar pelo homem, verdadeira «imagem da Trindade».
Sendo o homem imagem e semelhança de Deus (cf. Gén 1, 26) e sendo Deus uma trindade, então o homem é imagem e semelhança da Trindade.
- Estamos, para tatuados pela unidade divina. Honremos esta unidade, crescendo na comunhão e fortalecendo a fraternidade.
A melhor maneira de mostrar que somos filhos de Deus é respeitarmo-nos como irmãos!