- Aquela tinha sido uma semana especialmente complicada. Ficou mesmo conhecida como a «semana negra» do Concílio.
O Vaticano II encaminhava-se para o final da sua terceira sessão e as questões mais sensíveis cavavam divisões entre os participantes.
- Logo na segunda-feira, anuncia-se que Paulo VI resolvera introduzir uma nota explicativa na constituição dogmática sobre a Igreja.
Aí se reafirma o primado papal acautelando eventuais interpretações conciliaristas da colegialidade episcopal.
- Na quinta-feira, o decreto sobre o ecumenismo é alterado com 19 emendas do Santo Padre, o que desagradou a muitos dos redactores.
Na sexta-feira, o Sumo Pontífice sugere o adiamento da votação do decreto sobre a liberdade religiosa para a quarta — e última — sessão do Concílio.
- E foi no sábado, 21 de Novembro de 1964, que Paulo VI atribuiu a Nossa Senhora o título de «Mãe da Igreja».
Enquanto Mãe de Cristo, Ela é Mãe dos membros do Corpo de Cristo: «fiéis e pastores».
- Foi, portanto, há 50 anos que Maria Se tornou oficialmente reconhecida como Mãe da Igreja. No entanto, a origem deste título é muito antiga.
Segundo Hugo Rahner, irmão de Karl Rahner, terá sido usado pela primeira vez por Sto. Ambrósio, no século IV.
- Como Mãe da Igreja, Maria avulta como modelo da Igreja mãe.
Na Mãe a Igreja torna-se mãe.
- O que Maria é corresponde ao que a Igreja é chamada a ser.
O que é conhecido em Maria deveria ser sempre reconhecido na Igreja.
- Aliás, desde jovem, o futuro Paulo VI defendia a necessidade de a Igreja despontar como mestra da verdade e, ao mesmo tempo, como mãe da caridade.
No dia da sua Missa Nova, distribuiu uma oração atribuída a S. Pio X, onde se pedia: «Que todas as inteligências se reúnam na Verdade e que todos os corações se encontrem na Caridade».
- Na Mãe, a Igreja Mãe atinge a sua máxima perfeição e encontra o seu maior desafio.
Para a Igreja, Maria é —como assinalou Otto Semelroth — o seu «pléroma» e o seu «gérmen».
- João Paulo I, imediato sucessor de Paulo VI, ter-nos-á surpreendido quando recordou que «Deus é Pai e, ainda mais, Mãe». No fundo, Maria traz para nós a paternidade maternal de Deus.
Que a Igreja reaprenda com a Mãe a ser cada vez mais mãe!