- Com fina ironia — mas não pouca pertinência —, Rainer Maria Rilke considerava mais prósperas as associações que «não sabem o que fazer».
De facto, o nosso problema pode não estar só no que não sabemos; pode estar também no que presumimos saber.
- A nossa tendência é — quase instintivamente — para agir em função do tempo em que vivemos e dos ambientes em que nos encontramos.
Não deveria ser nossa prioridade agir em nome do Jesus que nos envia e do Evangelho que levamos?
- É normal que procuremos conhecer a nossa época bem como as pessoas que nela vivem.
Mas não será urgente propor-lhes que façam a experiência de Deus a partir do Evangelho de Jesus?
- Dá a impressão de que nos acomodamos mais às circunstâncias do presente do que à força das origens.
Parece que nos vamos resignando à realidade em vez de nos lançarmos à missão difícil (mas não impossível) de «fazer discípulos» (cf. Mt 28, 19).
- É importante, sem dúvida, saber onde se está. Mas não será igualmente necessário saber de onde se vem?
É bom não esquecer que o nosso ser cristão provém do imperativo de fazer discípulos. É um imperativo que nunca prescreve, sendo válido até ao fim dos tempos.
- Nos tempos que correm, há um excesso de programação e um repetido défice de ousadia.
Em devido tempo, fomos avisados — entre outros, por Edgar Morin — de que cada progresso acarreta sempre algum retrocesso.
- Assim sendo, não terá chegado o momento de apurar os eventuais retrocessos provocados por tanto progresso?
É indiscutível que fazemos muito. Mas será que temos avançado bastante?
- Levemos o Evangelho de Jesus e anunciemos o Jesus do Evangelho.
Não nos preocupemos com grandes acções laterais. Ocupemo-nos sempre com a aposta central: Jesus.
- Não nos esqueçamos de que o evangelizador também precisa de ser evangelizado.
Neste sentido, empreendamos sempre um caminho de aprendizagem e de escuta. Disponhamo-nos a aprender com o Deus do Povo e a escutar o Povo de Deus.
- Nos nossos investimentos evangelizadores, não nos apresentemos munidos de certezas prévias ou com diagnósticos (supostamente) seguros.
Abramos também um espaço à surpresa. E deixemos que, através de nós, Deus faça as Suas maravilhas!