Poucas são as vezes em que vou à minha terra natal.Mas sempre que lá volto é como se de lá não tivesse saído.
Está lá o berço em que nasci. Está lá o chão em que cresci. Estão lá muitas pessoas que conheci. E, nesta altura, voltam lá outras pessoas que também foram saindo.
A minha terra, como tantas outras, espraia-se para lá das suas fronteiras.
Ela não vai de Forjães a Porto de Rei, nem de Poçarro às Víduas. Vai de Portugal até à Suíça, passando pela França, pelo Brasil, não faltando uma grande população nas imediações de Lisboa e do Porto.
Há uma vibração que se nota, uma luz que se acende, uma emoção que se solta, qualquer coisa que não se explica, mas que se entende.
Séneca dizia que «ninguém ama a sua terra porque é grande, mas porque é sua».
Não é pelo chão, não é pela paisagem. É por causa daquele chão, daquela paisagem e sobretudo por causa daquela franqueza acolhedora e sempre sorridente que eu amo a minha terra.
É também por causa da Senhora da Guia. Não é o centro geodésico da freguesia, mas é o coração sentimental da população.
Está lá a capela. Está lá o cemitério.
Está já lá, pois, uma grande parte de cada um de nós.Vou lá poucas vezes. Mas, a bem dizer, nunca de lá saí.