1. A Primavera traz um pouco do frio do Inverno e alguma coisa do calor do Verão.
A Primavera é um tempo de nuvens e de sol, de clareiras e de brilho, de sombras e de luz.
2. Na Primavera, há um misto de esperança e desânimo. Nela, estamos à espera de tudo, mas não temos ainda a garantia de nada.
A Primavera é o amanhecer depois da noite, mas sem a certeza do que virá pela tarde.
3. A Primavera é o novo começo, o tempo da sementeira, o início da viagem. É o tempo em que se lavam as roupas encardidas e em que se exibe um ar mais refrescante.
É a altura em que se sentem alguns vendavais, mas em que sopram também algumas brisas.
4. A Primavera é quando já não nos fechamos totalmente em casa.
É a altura em que as portas já não estão sempre fechadas e em que as janelas se vão abrindo. É o tempo em que se aspira o aroma das flores e vai desaparecendo o cheiro a mofo.
5. Algumas tempestades estarão para vir. Algum frio irá continuar.
Mas o primeiro calor também se fará sentir. O sol irá apertar e poderá até queimar.
6. São muitos os que, como João Paulo II, vaticinam uma nova «Primavera na Igreja».
Tal Primavera não é isenta de temporais nem de eventuais lesões provocadas pelas queimaduras da vida.
7. Na Igreja, a santidade coexiste com o pecado.
A força anda de mãos dadas com a fraqueza.
8. Hoje, como sempre, a Igreja tem de ser a casa da esperança, o repouso dos que se sentem tingidos pela desesperança.
Por isso é que os pobres e os sofredores deste mundo têm de encontrar, nela, um porto de abrigo e uma retaguarda de alento.
9. A Igreja deve acender um sorriso no rosto, ainda que se veja dilacerada por torrentes de pranto.
Este já não é o tempo de nos arrastarmos, pesarosos, lamentando as ocorrências de uma jornada com muitas canseiras e desilusões. Este é o tempo de nos levantarmos, decididos, como em manhãs ridentes de sol.
10. A Igreja não é o sol. Mas é chamada a aquecer os que a vida faz arrefecer com o desamparo e a injustiça.
Eu vejo a Primavera a despontar na Casa de Deus!