Afinal, o fundo pode sempre ser mais fundo. Depois da debilidade, o vazio.
Os nossos tempos já não serão de pensamento débil. Serão, talvez, de pensamento nulo ou clandestino.
Foi-se o pensamento original. Foi-se o pensamento repetitivo.
Foi-se a coerência. Foi-se a decência.
Foi-se a estética. Foi-se a ética.
O que se retira da faustosa paisagem televisiva, radiofónica, jornalística e internética? Tudo (ou quase) é espuma, «show off» e gritaria.
Acredito, porém, que o pensamento não se ausentou das pessoas, ainda que muitas pessoas aparentem ausentar-se do pensamento.
De momento, o pensamento parece não ter voz nem rosto. Mas nenhum machado o cortará, como adverte a canção.
Ele está a latejar nas profundezas de muitas vidas.
Os que aparecem e gritam parecem não pensar. Os que pensam parecem preferir não aparecer nem gritar.
Mas o pensamento não dorme nem está em modo de pausa. Ele anda a lançar luzes em muitas sombras.
Não ponhamos o foco no ecrã.
O essencial nem sempre é visível. O visível nem sempre pertence ao essencial.
A seu tempo, o que está nas margens chegará ao centro!