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Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2014

1. Quem acompanha minimamente a actualidade nota como se desmorona, a cada passo, a esperança de ver ubiquar o sonho de Platão no mundo.

 

Defendia o filósofo que o governo devia ser assegurado pela razão. E a razão seria corporizada na pessoa do rei-filósofo. Ou seja, o governante devia ser, fundamentalmente, sábio.

 

 

 

2. Muitos séculos depois, porém, Immanuel Kant desfazia qualquer ilusão a este respeito: «Não é de esperar que os reis filosofem ou que os filósofos se tornem reis, pois a posse do poder corrompe, inevitavelmente, o livre juízo da razão».

 

Hoje em dia, os sábios já não se candidatam à governação. E, pelos vistos, os governantes já não aspiram à sabedoria.

 

 

 

3. Albert Einstein deu conta: «A tentativa de combinar sabedoria e poder só raramente foi bem sucedida e por pouco tempo».

 

É uma lacuna grave. Não só política. Mas também cívica.

 

 

 

4. Precisamos, sem dúvida, de competência para gerir esta conjuntura.

 

Mas do que necessitamos verdadeiramente é de sabedoria para vislumbrar um desígnio comum, um rumo alternativo, uma energia mobilizadora.

 

 

 

5. Estamos apreensivos quanto ao futuro, mas não queremos aprender com o passado.

 

E já Alexis de Tocqueville alertava: «Desde que o passado deixou de projectar a sua luz sobre o futuro, a mente humana vagueia nas trevas».

 

 

 

6. Tudo vagueia no espaço mediático com grande estrondo. Uma «aurea mediocritas» parece ser o passaporte mais seguro para o êxito imediato.

 

A sabedoria fica à porta, escondida. Pagaremos um preço cada vez mais elevado pela conivência com uma propaganda com muito ruído e nula substância.

 

 

 

7. Os sábios costumam avisar antes da hora. O poder costuma reconhecer — e pedir perdão — depois do tempo.

 

A história está repleta deste desencontro estrutural.

 

 

 

8. Não seria possível encontrar uma atitude pautada pela escuta e pelo acolhimento?

 

A época é o «tempo qualificado», dizia Zubiri. Há propostas rejeitadas que teriam feito a diferença na altura própria.

 

 

 

9. Cedo vem o alerta. Tarde costuma vir a aceitação.

 

As memórias dos poderosos estão cheias de reconhecimentos de decisões erradas que magoaram pessoas e arruinaram percursos.

 

 

 

10. A sabedoria nem sempre está no poder.

 

Se, ao menos, estivesse a humildade, não é garantido que todos os erros fossem evitados. Mas, muito possivelmente, muitos deles não seriam repetidos…

 

publicado por Theosfera às 10:32

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