- O eco não é a palavra, mas transporta a palavra.
O eco é a ressonância da palavra. É a palavra que não deixa de soar.
- A principal função do eco é, pois, a função ressoadora.
Trata-se de manter a palavra para lá do tempo em que foi pronunciada. E de a perpetuar para lá do espaço em que foi proferida.
- A Bíblia diz que tudo começou com a Palavra (cf. Jo 1, 1).
E testemunha que nada foi feito sem a Palavra (cf. Jo 1, 3).
- Na Igreja, há muitas palavras, mas ela não é a Palavra.
Em Igreja, cada palavra há-de ser eco da Palavra.
- A grande missão da Igreja é a missão ecóica, é a missão de ser eco.
Foi, aliás, o que Jesus pediu quando incumbiu os discípulos de levarem o Evangelho a toda a parte e a toda a gente (cf. Mc 16, 15; Mt 28, 20). Quem os ouvisse, a eles, haveria de O ouvir sempre, a Ele (cf. Lc 10, 10).
- Esta preocupação era muito vincada nos começos. A Igreja não anunciava as palavras que usava. O seu compromisso era ser o eco da Palavra recebida.
Foi este compromisso que levou os apóstolos a nunca calar o que tinham ouvido (cf. Act 4, 20).
- Mais do que criadora de palavras, a Igreja sempre se viu a si mesma como uma criação da Palavra («creatura Verbi»).
Por isso, quanto mais perto a Igreja estiver da Palavra, mais audível será a Palavra e mais transparente será a Igreja.
- Nem sempre é isso o que acontece, porém.
Há palavras que se interpõem diante da Palavra e que chegam a perturbar a escuta da Palavra. Em vez de serem eco da Palavra, não passam de ruído que mal deixam acolher a Palavra
- É claro que a Palavra não é um «fóssil». Mas será que é um mero «elástico»?
A Palavra encarna em todas as vidas. Mas será compatível com todas as atitudes que se tomam na vida?
- O importante é que a Palavra viva em cada pessoa. E que cada pessoa procure viver de acordo com a Palavra.
Uma Igreja ecóica é chamada a oferecer a Palavra que lhe é, continuamente, oferecida. Se possível, sem glosas. E sem filtros.