O discurso «light», incolor e inodoro, também nos pode tentar.
E, de facto, somos frequentemente tentados a exprobar certas palavras sob o pretexto de elas padecerem de uma alegada obsolescência.
Uma dessas palavras é o temor. Quem fala hoje do «temor de Deus»?
Muitos nunca o terão ouvido mencionar, outros tê-lo-ão rapidamente esquecido.
Mas ele figura entre os dons do Espírito Santo, já referidos por Isaías (cf. Is 11, 2).
No tempo das palavras «apetitosas», o temor não gozará de grande reputação. Só que ele é essencial ao processo de conversão.
Por estranho que pareça, o temor é o maior aliado do amor.
Augustin Guillerand percebeu belamente a aliança entre os dois: «O amor e o temor não se opõem; o amor gera o temor, que, por sua vez, preserva e desenvolve o amor».
Ainda bem que «quem ama tem medo: medo de perder o que ama».
Um pouco de medo não faz mal a quem quer bem!