O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sexta-feira, 03 de Abril de 2015

 

  1. A Páscoa começa por ser um mistério de fragilidade. De uma fragilidade inteiramente assumida, francamente exposta e abertamente oferecida. Quando Se apresenta pronto para sofrer a morte, Jesus não esconde que «a carne é fraca» (Mt 27, 41).

A fragilidade é reveladora e é solidária. As pessoas são mais autênticas quando não escondem a sua fragilidade. Tony Blair percebeu isto quando escreveu que «ser humano é ser frágil».

 

  1. Jesus não fez exibições de força. A Sua maior força radicou na Sua capacidade de assumir a fraqueza. Os fortes podem ganhar batalhas. Mas são os frágeis que obtêm a maior vitória: a do amor.

Os fortes são vistos como vencedores porque eliminam os outros, porque se sobrepõem aos outros.

 

  1. Os frágeis são apontados como vencidos porque se esquecem de si, porque vivem em função dos outros.

Mas não é nesta fragilidade que reside a nossa salvação? Não é, portanto, nesta fragilidade que está a maior força? Os fortes vão destruindo vidas. Os frágeis são os que se sacrificam para que outros tenham vida.

 

  1. No fundo, Jesus foi entregue por inveja (cf. Mt 27, 18). Pilatos até fez tudo para O poupar. Só que as pressões do poder religioso, as ameaças de denúncia em Roma e a pressão de uma multidão ligada aos funcionários do Templo ditaram o veredicto.

Pilatos nada tinha contra Jesus, mas entre a defesa de um inocente e a preservação do seu lugar, a opção foi óbvia. A «oclocracia» é a coisa mais volátil que existe. As multidões dão para tudo e para o seu contrário. Variam tão rapidamente como o vento.

 

  1. Esta é uma semana que reclama, sobretudo, interioridade, recolhimento. Há uma densidade muito grande e um apelo muito fundo que nenhuma palavra conseguirá descrever.

O que nos é oferecido não pertence ao enigma, mas pertence ao mistério. Isto significa que o quadro que nos surge não é inatingível, mas também não é manipulável.

 

  1. O Cristianismo deve ser a única religião em que o Fundador é um mártir e morre como um abandonado.

A Sua proximidade com Deus não impede que experimente toda a amargura do drama humano.

 

  1. Divino, a partir de Cristo, não é, pois, a distância ontologicamente intransponível entre Deus e o Homem.

Divina é esta humanidade sem freio, é esta franqueza sem constrangimentos, é este amor sem vacilação, é esta entrega sem limites.

 

  1. Não é quando nos distanciamos do humano que nos aproximamos de Deus. É quando aterramos na sua maior profundidade que tocamos o divino.

Para Deus sobe-se descendo. Foi das profundidades da terra que Jesus irrompeu para Deus.

 

  1. O humano tão puramente humano de Jesus é uma respiração divina, um enclave da eternidade pelas inclementes estradas do tempo.

O desfecho de toda esta meditação não pode ser apenas o anúncio. A Páscoa não é só para proclamar. É, acima de tudo, uma oportunidade para melhor viver.

 

  1. Há um convite que fica. O caminho de Jesus não é tanto para ser explicado. É, sem dúvida, para ser conhecido. E é tão fascinante conhecer Jesus. O mais aliciante, contudo, é procurar viver.

Jesus é uma lição sem fim. Lição que não vem de qualquer cátedra, mas que tem a argamassa de uma vida tão humanamente cheia. Haverá algo mais divino que esta humanidade de Jesus?

 

 

publicado por Theosfera às 10:46

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