Deus não é evidente, costumamos dizer. Mas será mesmo que não o é?
Onde estará a dificuldade? Será que Deus que não é evidente em relação a nós? Ou não seremos nós que, muitas vezes, não somos videntes em relação a Deus?
Será Deus que não Se deixa ver? Ou seremos nós que não conseguimos (ou não queremos) vê-Lo?
Porque é que muitos dizem que O vêem e outros não? A Sagrada Escritura mostra-nos que um dos verbos estruturantes da fé é precisamente o verbo ver.
A questão estriba na forma como aplicamos o ver. Não se vê Deus como se vê o sol, embora Deus possa ser visto a partir do sol (analogia entis).
Deus não está ao lado, mas no fundo das coisas. Mesmo em relação a estas, nem sempre vemos de igual maneira. Napoleão terá dito, um dia, aos seus Homens: «Todos olham para onde eu olho e ninguém vê o que eu vejo».
Se Deus não fosse evidente como é que a Bíblia falaria de tantos encontros com Deus? Do que se trata é de uma evidência própria, especial, única.
Ele deixou-nos uns óculos para O podermos ver: os óculos da fé (ocula fidei). Quem quiser pode usá-los.