- Hoje, 2 de Novembro, não é dia de «finados».
«Finado» vem de «fim», indicando que alguém se finou, que alguém acabou.
- Nós acreditamos que a morte não é o fim da vida, mas a transformação da vida.
É por isso que chamamos a este dia, dia dos «fiéis defuntos».
- «Defunto» vem do latim «fungor», que quer dizer «cumprir».
«Defunto» é o que cumpriu a etapa temporal da vida e já sobrevive na dimensão intemporal da existência.
- Quem participa na Missa exequial habitua-se a ouvir dizer que «a vida não acaba, apenas se transforma» («vita non tollitur, sed mutatur»).
O que talvez não se saiba é a origem desta expressão, que remonta ao século III.
- Foi a mãe de São Sinforiano que, perante a condenação do filho pelo «crime» de ser cristão, o confortou com estas palavras: «Renova a tua constância. Não podemos temer uma morte que nos leva, com certeza, à vida. A vida não acaba, apenas se transforma».
Já no século VII, havia um dia de oração pelos defuntos nos mosteiros e não só.
- Mais tarde, um liturgista chamado Amalário Simpósio promoveu ofícios pelos mortos logo a seguir aos ofícios dos santos.
Foi, entretanto, o abade de Cluny Santo Odilon quem decidiu colocar, talvez no ano 998, a comemoração dos fiéis defuntos a 2 de Novembro.
- Este é um tempo em que suspendemos o tempo para nos fixarmos para lá do tempo.
Daí que este seja o tempo em que o tempo se senta. Só a eternidade parece voar. O tempo aloja-se na eternidade e a eternidade como que decide acampar no tempo.
- Numa lápide, foi encontrado este verso: «Ó tu mortal que me vês/ repara bem como estou./ Eu já fui o que tu és/ e tu serás o que eu sou».
Assim sendo, aproveitemos estes dias também — e sobretudo — para rezar. Os outros necessitam e nós também precisamos. Os outros necessitam de sufrágio e nós precisamos de conversão.
- Os vivos como que se enlaçam nos mortos e os mortos como que se entrelaçam com os vivos.
Na oração, os mortos permanecem vivos sem que os vivos se sintam antecipadamente mortos.
- Aparentemente, vivemos para morrer. Em Cristo, porém, morremos para viver.
Aqueles que choramos nestes dias, do princípio ao fim, estão à nossa espera para a grande festa. No dia que não tem fim!