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Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2014

1. Quando a velocidade é muita — diz a experiência mais elementar —, o equilíbrio é menor.

Os corpos vacilam, abanam, tropeçam e podem cair.

 

2. Eis uma realidade que encerra um apelo. O ritmo apressado em que vivemos dá-nos poucas possibilidades de equilíbrio.

Corremos e não só quando caminhamos e viajamos. Corremos também quando pensamos e quando falamos. Nada se faz, hoje em dia, que não seja a correr.

 

3. Nem nas férias se pára. Até nas férias se corre, ainda que noutras direcções.

Não deixa, aliás, de ser curioso como as notícias falam dos chamados desportos de Verão. Muitos deles são de velocidade: de velocidade na estrada, de velocidade nas pistas, de velocidade na água.

 

4. Neste cenário, não admira que o número de pessoas desequilibradas aumente. Há seguramente, na tipificação destes casos, factores orgânicos. Mas haverá também questões ambientais.

A circunstância influencia a pessoa. São coisas que fomos aprendendo. São coisas cujo efeito vamos, entretanto, sentindo cada vez mais.

 

5. O problema é que, à força da pressão ambiental, a pessoa pode não se aperceber do desequilíbrio que sofre. A certa altura, pode achar normal o desequilíbrio que transporta.

Toda a gente corre. Toda a gente grita. Toda a gente «amiga» e «desamiga». Anormal não será ser diferente? Anormal não será ser mais pausado, mais equilibrado?

 

6. Alguém se ufanava junto de Zigmunt Bauman por ter conseguido adicionar 500 amigos no «facebook» num só dia.

O velho sábio objectou: «Mas eu não consegui isso em toda a minha vida»!

 

7. Com tantas ligações, as pessoas conhecem-se mais e dão-se melhor?

É um facto que nunca houve tantas ligações no mundo. Mas é igualmente uma realidade que nunca terá havido tantas rupturas dentro de casa.

 

8. Os relacionamentos humanos também estão desequilibrados. Não há equilíbrio entre a quantidade e a qualidade.

Sabemos da existência de muita gente, mas que relação temos com cada um?

 

9. Será que as famílias que se desfazem alguma vez chegaram a fazer-se?

Tantos que, no princípio, diziam que se conheciam e que, a certa altura, garantem que, afinal, se sentem uns desconhecidos.

 

10. O equilíbrio carece de moderação, de escuta, de serenidade. Um carro, se for a velocidade moderada, acautela-se melhor diante de um imprevisto.

Precisamos de parar para reequilibrar a cadência. Paremos enquanto é tempo. Antes que o tempo nos faça parar de vez.

publicado por Theosfera às 16:04

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