Toda a comunicação, pela palavra ou pelo silêncio, é passível de ter mais que um sentido.
O que se diz pode ser entendido de muitas formas. E o que não se diz também pode ser interpretado de múltiplas maneiras.
Quem pensa que domina totalmente a comunicação engana-se.
Aliás, já Vitorino Nemésio alertava que «a linguagem tem sempre um duplo sentido. Só os auto-suficientes supõem que dizem o que querem e com o todo o rigor. Só que não há tal».
Com a proliferação de meios de comunicação, é praticamente impossível criar uma corrente de clareza entre o emissor e a imensidão de receptores.
É por isso que, muitas vezes, interpretar é distorcer.
Andamos sempre a tentar esclarecer. Gastamos muito tempo a ressalvar que «não foi isso o que disse» ou «o que quis dizer».
Mas é muito difícil apagar a primeira impressão.
Comunicar é, pois, um risco: um risco que, no entanto, tem de ser corrido!