Grande pessoa (e não apenas escritor) foi Pessoa.
Fernando Pessoa deixou-nos, em cada tecido que compõe a sua prolífica obra, tesouros que, além de preciosidades, são autênticos abanões.
Não foge de nada, excepto do lugar-comum. O seu pensar é verdadeiramente incomum.
Mesmo quando não sabemos que dizer perante o que ele diz, fica o convite para pensar. O seu percurso foi singularíssimo. Daí os seus conselhos: «Não faças o que os outros fazem, porque o fazem, nem o que os outros não fazem, porque não fazem. Faz o que for mais difícil».
Não espanta que tenha recomendado: «Sabe iludir-te, sabendo-o. Não chores porque o choro de nada serve; nem rias, porque o riso nada esconde. Sabe ignorar-te, mas não esqueças de que te ignoras. E nunca ensines a ninguém a tua consciência da vida».
Prosseguindo: «Não fales muito alto nem sintas muito alto. Não penses demais porque a compreensão da eternidade é a antecâmara da dor».
Ninguém porá em causa a aguda pertinência deste imperativo: «Nunca fales de ti. Guarda ao teu ser o teu segredo. Se o abrires, nunca o poderás fechar»!