Kafka não foi «kafkiano» só para os outros. Também terá sido suficientemente «kafkiano» para si mesmo.
Não é fácil perceber o que ele escreveu. Mas os seus diários mostram que nem ele terá conseguido entender o que ele mesmo era.
«Quem sou eu, afinal?» As palavras que gravitam em torno desta pergunta adensam ainda mais o mistério.
É possível que, para Kafka, a linguagem fosse mais um biombo do que um espelho.
Talvez fosse uma forma de se resguardar. Ou de se revelar, resguardado!