1. Os tempos de incerteza trazem sempre alguma ansiedade, mas encerram também bastante fecundidade.
2. Estes são, de facto, tempos favoráveis à discussão, embora sejam também permeáveis a alguma perturbação.
3. Faz amanhã, dia 4, um mês que o povo se pronunciou.
E parece não haver consenso acerca do que o povo terá dito.
4. Há partidos que não gostam de que outros partidos ousem interpretar o sentido do voto nos seus partidos.
Mas será que algum partido está em condições de interpretar com plena segurança o que cada pessoa quis dizer ao confiar-lhe o seu voto?
5. Se repararmos, tudo se altera conforme se agregue um determinado partido à sua esquerda ou à sua direita.
6. Há quem junte o PS à sua esquerda.
Nesse caso, concluiremos que cerca de 52% dos eleitores quis um governo inteiramente novo.
7. E não falta quem associe o mesmo PS à Coligação.
Nessa altura, notaremos que cerca de 70% dos mesmos eleitores preferem: 1) ou o mesmo governo, mas mais escrutinado e fiscalizado ou 2) um governo que integre os partidos da Coligação e o principal partido da anterior Oposição.
8. As duas leituras não são descabidas, pelo que nenhuma opção é totalmente linear.
Importante é que haja moderação no debate e que prevaleça o interesse nacional.
9. Creio que nenhuma alternativa nos levará ao paraíso.
E espero que nenhum caminho nos arraste para o abismo!