Sacramento é um acto de Cristo oferecido num acto da Igreja. É assim que se posiciona Edward Schillebeeckx. Para ele, sacramento «é um acto de salvação pessoal do próprio Cristo celeste na forma de manifestação visível de um acto funcional da Igreja».
Por isso, o sacramento por excelência (o ursakrament-sacramento raiz, expressão de Otto Semelroth) é Jesus Cristo. É claro que Jesus é muito mais que um sinal. Como vinca Yves Congar, Ele é «a epifania, a manifestação, a presença reveladora de Deus». A Igreja «é sacramento da salvação, mas em virtude da sua união com Cristo, inteiramente a partir d'Ele e por Ele».
Ou seja, «Cristo e a Igreja são portadores da salvação em condições diferentes: Cristo é mediador como chefe e fonte; a Igreja não é senão um mistério desta mediação de Cristo».
É curioso notar como, uns vinte anos antes do Concílio, Pio XII, que não usa ainda a palavra sacramento aplicada à Igreja, aponta praticamente a mesma ideia que o Vaticano II vai veicular: «A Igreja é o instrumento do Verbo encarnado na distribuição dos frutos da Redenção, um instrumento que nunca faltará».