- Quando Nossa Senhora a Fátima desceu, os Seus preciosos Remédios nos ofereceu. Não esqueçamos, pois, a oração, a penitência e a conversão. São elas as «vias» que nos levam à salvação. Com os Seus Remédios, Maria em Fátima nos veio alertar. Mas não foi só em Fátima que quis ficar. Para todos, Nossa Senhora é luz e aconchego. O eco da Sua voz também chegou a Lamego.
Ao longo destes cem anos, a nossa terra muito tem vibrado. Entre Lamego e Fátima, há passos que jamais têm parado. Como a Senhora é só uma — a Mãe de Deus e mais nenhuma —, sentimos que Nossa Senhora dos Remédios também está em Fátima e que Nossa Senhora de Fátima também está em Lamego.
- Em Fátima e em Lamego, sentimos o eco do que a Mãe nos diz. A Sua Mensagem é a que Deus para nós quis. Neste Santuário, concluímos mais um itinerário. Esta Novena, vivida com tanto fervor, atesta como pela Mãe é grande o nosso amor. Não podemos apagar a partir de agora a luz que nos iluminou até agora. Cem anos mais tarde, a mensagem de Fátima continua a ser uma chama que em nós arde. Fátima terá sempre actualidade porque ao Evangelho guarda perene fidelidade.
Foi por isso que o dia 13 de Maio deste ano também ficou para a história. Ao Céu chegaram cânticos de glória. Foi bela a festa naquele Santuário. Todo o povo vibrou com o centenário. Era grande o cansaço. Mas ninguém arredou pé daquele espaço.
- Dois novos santos nos foram dados para que os nossos caminhos sejam (ainda) mais abençoados. São Francisco e Santa Jacinta foram dois meninos que coloriram a nossa vida com tons divinos. Da Mãe de Deus foram interlocutores. Agora, tornaram-se nossos protectores.
Fátima continua a fazer descer o Céu à Terra, que muito sofre com a injustiça e a guerra. Fátima continua a ser altar de paz, daquela paz que só Jesus traz. Fátima é manto de luz, que nos ilumina com a presença de Jesus. Na alegria ou na aflição, ao encontro da Mãe vamos em peregrinação. A alma do nosso país é junto da Mãe que se sente feliz. Mas não somos só nós. Todo o mundo em Fátima faz ouvir a sua voz.
- Em Maio e em Setembro, em Fátima ou em Lamego, há que repetir sem medo: «Temos Mãe! Temos Mãe! Temos Mãe!» Foi o Santo Padre quem o disse. Ainda haverá alguém que não o ouvisse? «Temos Mãe!» Eis o que, aparentemente, todos sabemos. Mas eis o que também, pelos vistos, esquecemos.
Às vezes, parece que só temos Mãe para pedir. É verdade que «temos Mãe» para pedir. Mas também «temos Mãe» para nos conduzir. «Temos Mãe» à nossa beira, ao longo da vida inteira. «Temos Mãe» que nos segura enquanto a nossa vida dura. E, quando o nosso fim chegar, «temos Mãe» para, na porta do Céu, nos esperar. «Temos Mãe» quando d’Ela nos lembramos. E «temos Mãe» quando do Seu Filho nos afastamos.
- Não podemos deixar Fátima em Fátima. Não podemos deixar Fátima ao sair de Fátima. Aquela que a Fátima veio também está aqui, no nosso meio. Assim sendo, a «hora de Fátima» não se esgota em Fátima. A «hora de Fátima» também ressoa em Lamego. Em toda a parte — e em cada tempo —, a «hora de Fátima» tem de ser a «hora de Maria», a «hora de Cristo», a «hora de Deus». Como notou São João Paulo II, a Igreja, ao aceitar Fátima, reconheceu que a sua mensagem «contém uma verdade e umchamamentoque, no seu conteúdo fundamental, são a verdade e o chamamento do próprio Evangelho».
Tal como o Evangelho nos traz o apelo de Jesus à mudança (cf. Mc 1, 15), também Fátima nos faz chegar o chamamento de Maria à conversão. A missão de Maria não consiste em completar Jesus, mas em atrair para Jesus. Fátima não é um acrescento do Evangelho. A sua função — como adverte o Catecismo — é «ajudar a vivê-lo mais plenamente». O Evangelho não carece de complemento, mas de cumprimento. O concreto de Fátima faz ressoar o perene do Evangelho.
- São várias as propostas concretas que nos chegam de Fátima. 1) Fazer peregrinação e não apenas turismo: Nossa Senhora pediu aos pastorinhos que, em cada dia 13 (de Maio a Outubro), fizessem peregrinação ao encontro do Seu Coração. 2) Entrega da vida a Deus: logo em Maio, Nossa Senhora propõe aos pastorinhos que ofereçam a sua vida a Deus, suportando todos os sofrimentos e adversidades. 3) Acabar com as ofensas a Deus: é o pedido que ressoa na última aparição: «Não ofendam mais a Nosso Senhor que já está muito ofendido!» 4) Penitência e Sacrifício: Nossa Senhora, por várias vezes, pede sacrifícios pela conversão dos pecadores.
5) Oração, especialmente a recitação do Terço: Nossa Senhora, em Agosto, pede aos pastorinhos que rezem, que rezem muito; e o único pedido que repete em todas as aparições é a recitação do Terço, do Terço diário pela paz. 6) Devoção ao Imaculado Coração: em Junho, Nossa Senhora afirma que Jesus quer estabelecer no mundo a devoção ao Seu Imaculado Coração. 7) Comunhão reparadora nos cinco Primeiros Sábados: em Julho, Nossa Senhora anuncia que virá pedir a comunhão reparadora nos primeiros sábados; oito anos depois, em 1925, concretiza esse pedido.
- A resposta a estas propostas não é para ser dada só em Fátima. Também pode — deve — ser dada em Lamego, em qualquer momento da nossa vida. É por isso que Fátima não pode acontecer só quando se chega nem somente quando se está. Fátima também tem de acontecer quando se parte. É natural que nos «vistamos» com a nossa vida para chegar a Fátima. Mas é vital que nos «revistamos» de Fátima para retomar a nossa vida.
Fátima não pode ser apenas uma experiência diferente no meio de uma vida indiferente. Há que acolher a chama da transformação que Fátima vem acender nesta nossa (humana) peregrinação. A Fátima não é admissível ir só em passeio. Foi para nos converter que a Mãe à nossa terra veio. Os «cristãos de Fátima» terão de ser sempre «cristãos do Evangelho», «cristãos do Domingo», enfim, «cristãos da vida».
- Nós também não vamos ser apenas «cristãos de Setembro» nem somente «cristãos da Novena». A Novena, que está a chegar ao final, não nos conduzirá a um qualquer terminal. A Novena, mais que um acontecimento, é um itinerário que nos liga para sempre ao Santuário. Aqui a Mãe nos espera. Daqui a Mãe nos acompanha. A Mãe espera-nos, em romaria, para connosco rezar o Terço e participar na Eucaristia.
A Eucaristia é obrigatória uma vez por semana. Mas não será necessária todos os dias? Será que nós devemos limitar-nos ao mínimo obrigatório? A Eucaristia é uma constante. A Eucaristia é para sempre. É a Eucaristia que faz a Igreja. Só na Eucaristia cresceremos em Igreja. É na Igreja que encontramos realmente Jesus. É na Eucaristia que reencontramos maximamente a Mãe de Jesus. A Procissão, que é bela, só se torna belamente deslumbrante quando está ligada ao mais importante. Não sendo vivida em ligação com a Eucaristia, a Procissão não passará de um desfile sem consistência e harmonia.
- Nós, que tanto amamos Maria, não Lhe neguemos a maior alegria. Sigamos sempre os passos de Jesus. É para Ele que Ela nos conduz. «Temos Mãe», a Mãe de Cristo. Haverá coisa mais bela do que isto? «Temos Mãe», nunca o esqueçamos. E que os passos de Seu Filho sempre sigamos. O que deixa esta Mãe feliz é que façamos o que Jesus diz. Ouçamos, então, a nossa Mãe. Ela, que tudo guardava dentro de Si, continua connosco, hoje e aqui.
«Temos Mãe», nunca A deixemos. Com a nossa Mãe, muito mais felizes seremos!