- Em 120 anos de vida, nunca o Parque Florestal de Nossa Senhora dos Remédios ardeu.
Com tantos incêndios que tem havido, é um verdadeiro milagre que o «pulmão de Lamego» nunca o assédio das chamas tenha sofrido.
- Outro prodígio a anotar é que nunca houve qualquer acidente humano a registar: nem mortos nem feridos.
Ao longo destes mais de cem anos, muitas tempestades se abateram sobre a Mata. Já este ano, a 27 e 28 de Fevereiro, a estrada ficou intransitável com o derrube (parcial ou total) de mais de 200 árvores.
- A «chuva congelada» do último Inverno foi mais um contratempo que a Mata enfrentou no decurso de tanto tempo.
Nem este vendaval, contudo, provocou qualquer vítima. No mês em que faz 141 anos que o primeiro carro circulou pela Estrada do Santuário, é um dado assinalável.
- Foi, de facto, a 29 de Agosto de 1877 que o primeiro veículo automóvel transitou pelo troço aberto a partir de Julho do ano anterior.
Já houve muitas situações de aperto com a queda de ramos e de árvores. Mas nenhuma vida humana se perdeu.
- Tudo isto, que é para agradecer, não dispensa a vigilância que é fundamental manter.
É que o fogo, apesar de ter poupado a Mata, já fez muitos estragos neste lugar.
- É conhecido o devastador incêndio que devorou a Sacristia do Santuário na madrugada de 17 de Dezembro de 1868.
Os lamecenses acordaram, sobressaltados, com os repetidos e descontrolados gritos: «Fogo na Capela de Nossa Senhora dos Remédios»!
- Dizem as crónicas que todos, «com lágrimas nos olhos, voaram para o sítio onde o incêndio dava a destruição no Santuário da nossa Mãe Protectora».
As chamas consumiram, «palmo a palmo, as obras de arte e alfaias, ameaçando com o seu ar sinistro e medonho a própria vida dos que se aventuraram a disputar-lhes a “presa”».
- O corpo do templo foi poupado, mas «a Sacristia e a casa de arrecadação desapareceram como por encanto, ficando tudo reduzido a cinzas».
Foi no âmbito da recuperação que decidiram fazer uma Sacristia nova, passando a antiga a servir de Sala dos Retratos.
- Um novo incêndio, embora de proporções muito menores, afectou algumas dependências da Sacristia em Agosto de 1947.
Muitos anos antes, em 1899, foi um giestal que ardeu. Pela descrição, devia ficar na zona do actual Recinto das Peregrinações.
- Trinta dúzias de fogo foram aí lançadas durante a Festa e as chamas descontrolaram-se. Veio, então, um pedido de indemnização — no valor de 15$000 réis —, requerido por António Teixeira Gomes, que arrendara aquele terreno.
Nunca é demais o cuidado. Há que fazer tudo pela integridade deste património abençoado!