Aprendi a procurar respostas para as perguntas que a vida me foi colocando.
Habituei-me, entretanto, a deparar com perguntas para as respostas que a vida me ia dando.
A partir de certa altura do século passado, quem não exaltava a «dessacralização» de tudo? Afinal, tudo podia ser posto em causa.
Será, porém, que estamos melhor?
É sabido que existe uma associação, entranhada ao longo da história, entre a violência e o sagrado. Será, contudo, que a dessacralização da violência contribuiu para o fim da violência?
À violência sagrada ainda se podia escrutinar o motivo e perceber que nenhum motivo fazia sentido.
Só que as pessoas sempre podiam tomar algumas cautelas. Sempre sabiam donde podia advir a violência.
A dessacralização da violência (em linha com a «banalização do mal», de que falava Hannah Arendt) parece retirar a necessidade de qualquer motivo.
A violência pode disparar em qualquer momento. Não é preciso invocar motivos. Basta o mais leve pretexto.
Uma simples conversa pode desencadear uma espiral de violência. E depois da violência começar, nunca sabemos como vai acabar.
Só sabemos que nunca acaba bem!