Neste dia, tudo parece ungido com uma certa timidez. Até o sol espreitou e a chuva se conteve. O vento pulava pelos cemitérios, enxugando as lágrimas que batiam a face e se sepultavam no coração.
Neste dia de todos os santos, recordamos tantos que surgem ante nós como modelos de bondade e referências de vida.
Foram nossos pais, vizinhos, amigos. Tornaram-se as vértebras do nosso caminhar.
Hoje, os sorrisos, sinceros, despontam um pouco feridos.
A nossa história mora já, em grande parte, debaixo da terra.
Lá cumpri também o meu ritual. Com toda a minha família, fui à Senhora da Guia.
E, no cemitério, além de orar por meu querido Pai, lembrei o que minha amada Avó me disse no dia 1 de Novembro de 1974: «Meu neto, para o ano, já me vens visitar aqui também».
Não estava sequer doente. Mas viria a falecer logo no mês seguinte, a 30 de Dezembro.
Os meus nove anos de então ficaram atordoados.
Uma vez mais, gostei de rever aquela gente que sempre me disse muito e que recordo tanto!