Deus deu-me o dom de ser gago.
A gaguez habituou-me a nunca chegar a uma palavra — falada ou escrita — sem ser por via de sucessivas tentativas e repetidos balbucios.
A gaguez ensinou-me que o melhor texto é o que ainda não foi escrito e que a palavra última é a que ainda está por pronunciar.
Temos, por isso, que continuar a buscá-la, não estacionando jamais naquilo que já fomos encontrando.
Não será este um poderoso (e muito necessário) exercício de humildade?
Obrigado, Senhor, por ser gago!