Atesta José Rodrigues dos Santos que Maria não foi virgem e que teve mais filhos.
A tese não é nova e a resposta também é antiga.
Quando anuncia a vinda do Messias, Isaías (7, 14) usa a palavra hebraica «almah». Etimologicamente significa «jovem». É claro que «jovem» não é necessariamente o mesmo que «virgem».
Acontece que a tradição judaica mais erudita sempre entendeu «almah» no sentido de «virgem».
Por isso, os tradutores da Bíblia para o grego, no século III a.C., usaram o termo «parthénos» (virgem) para traduzir «almah».
S. Mateus (1, 23) utilizou a profecia de Isaías na sua forma grega: «parthénos».
Quanto aos «irmãos» de Jesus, é preciso ter presente que quer o hebraico «ah», quer o grego «adélphos» incluem não apenas os filhos do mesmo pai e da mesma mãe, mas também os primos, os tios, etc.
É possível ser mãe e ser virgem? Segundo a fé, é possível. De que modo? Não sabemos.
Acontece que uma das formas de saber que a razão nos oferece é, desde logo, o não saber.
Ninguém chega a saber alguma coisa se não começar por saber que não sabe.
As perguntas pertencem à razão. Mas há respostas que pertencerão sempre ao mistério.
É por isso que a fé não é racional, mas razoável. A razão não a explica, mas admite-a.
Isto não deslustra a razão nem apouca a fé. Como notava Pascal, «é um acto de razão reconhecer que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam»!
Mas também se não fosse assim, teria o profeta Isaías (7, 14) necessidade de falar de «sinal»?
Uma jovem dar à luz é a coisa mais normal. Já dar à luz e ser virgem sai totalmente fora da normalidade.
Mas, como tudo, a fé é uma proposta livre para uma resposta livre.
É um acontecimento da liberdade. Só na liberdade há condições para acreditar. Só crê quem quer.