No seu delírio assassino, Anders Breivik deixou-nos, ao redigir o seu prolixo memorando, algumas pistas para a reflexão.
Para ele, há cristãos crentes, cristãos agnósticos e cristãos ateus. As pessoas espantam-se porque, à partida, não pode haver cristão que não seja crente.
O certo é que, com base na experiência e em estudos, há ateus que assumem seguir valores cristãos e há cristãos que mostram ter comportamentos de ateus.
Limitam-se a posicionar-se como membros de uma organização, participam na respectiva gestão, mas falta o essencial: a vivência do mistério.
E sem vivência do mistério, não há fé. Sem vivência do mistério, ninguém pode dizer-se crente.
Por isso é que muitos cristãos (o caso do teólogo Paul Knitter é, porventura, o mais apelativo nos últimos tempos) se têm aproximado do Budismo.
O escopo não é passarem a ser budistas, mas tornarem-se melhores cristãos.
E o que encontram na tradição budista?
Antes de mais, a tal experiência do mistério pela meditação. E, ao mesmo tempo, a vivência da compaixão, também ela frequentemente arredada de muitos sectores da Cristandade.