Os dados são objectivos. Mas as razões que estão na sua base parecem indecifráveis.
Alguém pergunta num jornal de hoje: porque é que os nossos gestores públicos auferem, em média, cerca do dobro dos seus congéneres europeus e porque é que os nossos trabalhadores auferem, em média também, cerca de metade dos trabalhadores europeus?
Haverá certamente uma miríade de respostas e, porventura, todas elas apelativas.
Mas uma dessas respostas não será, seguramente, a justiça.
E as perguntas manter-se-ão. Porque é que não há condições para aumentar os salários dos trabalhadores e há condições para manter os vencimentos dos gestores?
A conclusão de tudo isto não rende grande homenagem à dignidade.
No fundo, continuamos a pensar mais no estatuto do que na pessoa e no trabalho.
Não sei para onde iremos assim. Mas tenho a certeza de que não iremos para muito longe. Pelo menos, na justiça.