O líder está sempre em risco. Mas não pode deixar de estar em risco. A menos que abdique de liderar.
O líder é o que supre o medo do cidadão. Não pode ter medo. Se o líder exibe medo desperdiça o capital de confiança que lhe foi dado.
Hoje, como explica Philip Stephens, muitos líderes resignam-se a ser mediadores entre posições contrárias. Adiam, até ao limite do impossível, a tomada de decisões.
No caso de Obama, está a ser uma desilusão e pode custar-lhe a reeleição.
Gorbachev pertencia a outra estirpe. Hoje, post factum, é fácil dizer que perdeu.
Sucede que ousou arriscar. E onde reconhece morar o seu fracasso foi na escolha de determinadas pessoas.
Confiou. Houve quem não honrasse a confiança.
Aprendizes de Maquiavel e seguidores de Iscariotes sempre proliferaram ao longo da história.
Há quem veja a vida como uma escada. Não falta, porém, quem esqueça que ela não permite apenas subir.
Muitos daqueles que Gorbachev escolheu tornaram-se nos seus maiores adversários.
O ex-líder soviético não oculta a mágoa. Mas não exibe arrependimento.
Não foi ele que deixou de fazer o que tinha de ser feito.