Recordo, com saudades, os tempos em que os líderes, quando surgiam, pareciam não poder ombrear com os líderes anteriores.
Era a sua acção que, depois, os distinguia e nos convencia.
Um exemplo.
Quando Helmut Kohl chegou ao poder, senti-me um pouco desapontado. Achei que aquilo era um golpe palaciano. Os liberais, que estavam coligados com Helmut Schmit, voltaram-se para Kohl. O pêndulo oscilava, o poder mudava.
Mas o que veio depois corrigiu a impressão. Com tantos outros passou-se o mesmo.
Agora, há quem convença com a retórica, uma retórica palavrosa e quase sem substância, é certo. Mas, mesmo assim, geradora de expectativas.
Basta, porém, muito pouco tempo para tudo ruir. Nem se salva o discurso, emparedado em mil contradições. Nem se salvaguarda a acção, sempre a seguir aos factos.
Hoje, as lideranças exercem quase uma função notarial. Limitam-se a seguir os acontecimentos. Interpretam-nos mal e não os transformam.
Um dos sintomas da crise mora aqui. Um dos sinais de esperança tem de passar por aqui: pelo aparecimento de novas lideranças.