Estou cada vez mais persuadido de que, hoje em dia, as fronteiras já não se aferem pela bissectriz ideológica. Elas acantonam-se, cada vez mais, no palco geracional.
Quando se vê alguém novo em idade, acende-se uma esperança. Mas não estamos livres de, quase a seguir, se reacencer uma desilusão.
Há factores preocupantes de decadência na vida cívica, na vida pública, na vida política.
O que ontem se passou, numa audição parlamentar, terá sido um deslize não suficientemente amadurecido. Mas é bom que se reflicta atentamente sobre ele.
A emergência médica é uma coisa muito séria. Tem que ver com o atendimento rápido a quem está em apuros, porventura entre a vida e a morte.
Fazer uma chamada falsa para testar a eficiência do serviço é algo inqualificável.
Aquele número tem um objectivo. A avaliação da eficácia passa por outras entidades e por outros métodos.
Uma chamada falsa, de resto, nunca pode ser feita. Que tenha sido feita pela titular de um órgão de soberania só faz aumentar a gravidade e o espanto.
Como já foi dito, ninguém sabe se, no momento em que a parlamentar fazia a chamada falsa, alguém ficou impedido de fazer uma chamada verdadeira. Alguém que (ninguém sabe) precisaria dessa chamada para sobreviver.
Há que arrepiar o descaminho que se vai apoderando da nossa existência.
Os novos tempos dispensariam bem atitudes deste género.