Nem a fome, nem a tribulação, nem a angústia, nem a perseguição, nem o perigo, nem a espada. Nada disto nos afasta de Cristo.
A única coisa que nos pode afastar de Cristo é a falta de compaixão.
Jesus era procurado porque as pessoas sabiam que podiam contar com Ele.
Ouvimos dizer, neste Domingo, que Jesus se retirou para um local deserto. Mas o deserto não é ruptura. O deserto desperta até uma maior vontade de comunicar. Em hebraico, deserto diz-se midbar, que tanto significa silêncio como eu falo.
É por isso que o deserto surge a par da multidão.
O deserto não gera indiferença. Pode até intensificar a relação.
E o cerne da relação é a compaixão, é o amor.
Não é possível agradar a Deus e ignorar os pobres.
Não podemos esperar que o Estado faça tudo na solidariedade.
Um dos homens mais sábios de sempre, Kant, pagava do seu bolso pensões mensais a várias pessoas.
Compreendeu que, para ajudar os outros, Deus não tem outra mesa além da nossa mesa.
É esta a lição nunca totalmente apreendida depois de Jesus.
Tantas vezes, em nome de Jesus (e de Deus) vivemos nos antípodas da compaixão.
Onde não compaixão, não há fé.
Sem compaixão, não convencemos ninguém.