São os jogadores que fazem o futebol. São os pintores, escultores e músicos que fazem a arte.
É sobretudo pelos escritores que tomamos contacto com uma língua.
É assim que, por exemplo, associamos o Latim a Cícero e o Inglês a Shakespeare.
Que eu saiba, ainda não vi nenhum grande escritor defender o Acordo Ortográfico.
Há alguns até que militam fortemente na oposição.
José Saramago disse que nunca ia escrever segundo os seus ditames. Mas há mais: Vasco de Graça Moura, Inês Pedrosa, José Cutileiro, Fernando Dacosta, Sousa Tavares, Pedro Mexia, António Emiliano, Maria Lúcia Lepecki, etc.
Ora, se os melhores cultores da nossa língua se mostram tão afastados deste acordo, não seria motivo para repensar todo o processo?
É verdade que reputados especialistas estiveram na sua origem.
Mas os especialistas são analistas. São os escritores que levam mais longe a nossa língua.
Confesso que este dado tem-me dado muito que pensar.