Estamos saturados do bulício. Mas continuamos atropelados pela agitação.
Do que precisávamos, nesta altura, era de silêncio. Mas acabamos por procurar (ainda) mais ruído.
Após as correrias do trabalho, eis as correrias das férias.
Importante seria parar. Mas continuamos a correr. Ainda para mais longe. Para mais longe de casa. Para mais longe de nós?
Os destinos de férias são mais distantes que os locais de trabalho. Mais distantes e mais devoradores. Se o trabalho não nos dá o que merecemos, as férias acabam por nos levar muito daquilo que nos (faz) falta.
E só no final nos apercebemos de que, no fundo, nem as férias nos oferecem o que das férias esperamos. Dão-nos diversão, quilómetros, multidões. Mas não nos conseguem dar descanso, nem serenidade.
Partimos cheios e, muitas vezes, voltamos vazios. Partimos cheios do trabalho, cheios do ambiente, quiçá cheios das pessoas. Voltamos vazios. As praias ficaram, as diversões ficaram, as horas prolongadas de sono ficaram. Que voltou connosco? O vazio. E muito tédio. E mais cansaço.
Vivemos, enfim, em permanente défice de produtividade. Não mostramos muita produtividade no trabalho. E (vá lá saber-se porquê) não conseguimos mostrar muita produtividade no descanso.
Cansados estamos antes das férias. Cansados continuamos a estar depois das férias.
Tudo isto mostra que carecemos de alternativa e não de mera alternância. Temos necessidade não só de locais diferentes, mas sobretudo de aitudes renovadas.
Talvez um pouco de solidão e um suplemento de recolhimento nos ajudem a reencontrar-nos neste tempo sem tempo e nesta vida que nos vai levando - velozmente! - para fora da vida.