Não é só Deus que nos surge como mistério. Também a humanidade é um mistério para todos. E cada ser humano não deixa de ser um mistério para si mesmo.
É por isso que precisamos, amiúde, de recorrer a outros para decifrarmos um pouco o enigma, para nos conhecermos melhor.
Isto não acontece apenas com as pessoas. Acontece também com os povos.
Surgiram, recentemente, dois livros sobre Portugal, escritos por estrangeiros: um inglês e um francês.
Ambos gostam de nós, o que não impede algum espanto por certas coisas que vêem por cá.
Barry Hatton fica surpreendido pelo facto de os portugueses se exasperarem mais com as filas do trânsito do que com a corrupção.
Também Michel Cartier anota essa instituição que dá pelo nome de cunha, acrescentando a lentidão e o acordo ortográfico.
A propósito: «Os portugueses reconhecem que a língua portuguesa é tão rica que acham difícil - além de falá-la - escrevê-la (e, portanto, lê-la) correctamente».