Habitualmente, é no uso das palavras que mais suspiramos pelo silêncio.
O silêncio pode não responder, mas as palavras de muitas respostas também não conseguem convencer.
Todos nós vamos sentindo que o silêncio é uma aspiração e as palavras uma necessidade. Trata-se de uma necessidade, porém, que gera ansiedade.
Quando alguém pretende esclarecer algo, é porque nota que não há clareza. Mas não são, muitas vezes, as palavras que semeiam o equívoco e que adensam a obscuridade?
Que levou Obama a dizer que os Estados Unidos não eram Portugal nem a Grécia? Não será a ênfase desse não o melhor certificado de que, afinal, a situação até se mostra muito parecida?
Bento Domingues alerta que «a Igreja não é um partido». A necessidade desta ressalva também dá que pensar.
Com o máximo respeito que nos merecem os partidos, esta distinção deveria ser notória para todos.
Há palavras que pretendem negar a realidade que o silêncio consegue captar.
As palavras infirmam, mas o silêncio confirma.
As palavras são um instrumento precioso. Mas nem sempre obtêm o que se deseja com elas.
Quando o Ministro de Saddam proclamava que o Iraque estava à beira de uma grande vitória, as tropas americanas já cercavam Bagdad.
Há palavras que pretendem ofuscar o que o silêncio vê.
As palavras são importantes quando se tornam eco do que emerge da profundidade do silêncio.
E, às vezes, o próprio silêncio dispensa as palavras. A sua eloquência não deixa de ser suficientemente ruidosa...