Rir faz bem, sentimos nós e confirmam os terapeutas. Mas que motivos temos nós, hoje, para rir?
Nisto, como em muitas outras coisas, aquiesço ao que diz António Vieira: «Quem conhece verdadeiramente o mundo, há-de chorar. E quem ri, ou não chora, não o conhece».
Há certos risos que têm algum sabor a alienação. Filia-se a felicidade no riso, esquecendo que Jesus proclamou felizes também os que choram.
O problema é que, em tudo isto, labora um não pequeno fingimento.
Não nos peçam para rir, quando há sobejos motivos para chorar.
Mesmo assim, não desistamos de semear o bem. O mal pode oprimir e esganar.
Como referia António Vieira, o mal vê-se de perto e o bem de longe.
Longe é um destino distante, mas não um lugar impossível.
Não hesitemos, se for caso disso, em chorar hoje. As lágrimas da noite hão-de ajudar a fecundar o sorriso de uma qualquer manhã.